ETFs de criptomoedas exibem comportamentos distintos no Brasil e EUA
A dinâmica dos investimentos em ETFs de criptomoedas no Brasil e nos Estados Unidos apresenta diferenças marcantes, principalmente pela maturidade de cada mercado. Por aqui, esses fundos começaram a operar em 2021, e muitos investidores já estão colhendo os frutos, enquanto nos EUA, os ETFs foram lançados apenas no ano passado e o público ainda está conhecendo o terreno.
Essa visão foi compartilhada por Samir Kerbage, chefe de investimentos da Hashdex, uma das pioneiras na B3, durante um painel na Blockchain Conference Brasil 2025. Ele destacou que, enquanto os investidores americanos estão iniciando suas alocações, no Brasil a realidade é diferente. Aqui, é comum ver investidores realizando gains e redistribuindo seus investimentos. “Quando um ativo se valoriza 100%, não é raro o investidor vender um pouco dos lucros e diversificar em outras opções”, explicou Kerbage.
Ele apontou que as movimentações de mercado também variam entre os países. Nos EUA, quando há um aumento significativo nos preços, os investidores estão aportando mais. Já no Brasil, o que se observa são resgates, uma vez que muitos começaram a investir em 2021 e agora estão apenas reequilibrando suas carteiras.
Além disso, Kerbage comentou sobre o fenômeno de retiradas em massa de fundos cripto ao redor do mundo. Segundo ele, essas movimentações são estratégias de realização de lucros, e não refletem uma falta de confiança no mercado. “Os grandes fluxos noticiados muitas vezes vêm de hedge funds realizando arbitragem, não são investidores institucionais que mudaram de ideia”, esclareceu. Para esses inversores, o foco está na dinâmica do mercado, e não apenas nos preços correntes.
E o cenário é diferente quando falamos dos investidores institucionais de longo prazo. Os fundos soberanos estão, segundo Kerbage, fazendo compras contínuas, o que reforça a movimentação saudável nesse segmento.
Investidor final no Brasil, institucional nos EUA
Kerbage também abordou o perfil dos investidores dos ETFs da Hashdex. No Brasil, cerca de 20% são investidores institucionais e 80% são pessoas físicas. Enquanto isso, nos EUA, a quase totalidade do público é institucional. Isso resulta em abordagens distintas entre os dois mercados.
“Quando há uma correção significativa de preços, como vimos recentemente, é comum notar muitos aportes nos nossos fundos aqui no Brasil. Lá fora, a tendência, ao contrário, é de resgates, especialmente por parte de hedge funds. No Brasil, quem aproveita a queda são os investidores de longo prazo, com uma visão mais estratégica”, finalizou Kerbage.





